Benvindo (a)!

Benvindo ou benvinda, amigo ou amiga,
Ao pedacinho de minh'alma que se reflete neste canto,
Fique à vontade, leia, comente,por favor, depois me diga
Sobre as paixões e desamores, seus dissabores e encantos;
Deixe que um verso meu se esgueire pelas dobras de seu sonhar,
e sedutor, se faça lua, se faça estrela, se faça espuma,
e se refleita qual a lua, nua, reflete no mar
suas paixões que calam n´alma e em luz, devastam as brumas.
Por favor sonhe, desnude o íntimo desejo de ser feliz,
conte estrelinhas, teça quimeras, aspire a maresia,
em cada verso, reflita seu verso- eu sou somente um aprendiz-
em cada rima, se veja eternidade, amante da poesia.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Anoitecer em Jatiúca

Tribuna  Anoitecer na Jatiúca.
                        Raimundo Palmeira




            Um dia desses, perdidos na imensidão de novembro próximo passado, ao sair de meu escritório, à tardinha, eu seguia pela orla da Pajuçara. Ia apressado, pois os compromissos profissionais o exigiam. Cansado, estressado pela correria e carga enorme de problemas acumulados no escritório, como o é em todo escritório jurídico, onde a tragédia humana é desfiada na história de vida de cada cliente, mormente na área criminal, na qual o fantasma da privação ou restrição da liberdade física espreita em cada dobra do processo, me aborrecia com o fluxo de veículos que crescia progressivamente, à medida em que as dezoito horas se aproximavam. A gravata apertava o pescoço; os prazos, angústias de réus, a audiências, peças processuais,  tudo sufocava, apertando o peito, em ansiedade. O celular a tocar incansavelmente, o opressor paletó, a camisa a se encharcar pelo suor decorrente do calor de quase verão tropical, o ar condicionado do carro quebrado, a cabeça a ponto de explodir e aquela vontade reprimida no peito de largar tudo e gritar: QUERO VIVER! LIBERDADE!Sentar no bar, pedir um chopp e sem camisa, deixar estar para ver o que vai acontecer.
            Após a Pajuçara,  pude perceber que alguma coisa fascinante ocorria em alto mar. O oceano se vestia de cores suaves que contrastavam com a escuridão da noite que caía . Reduzi a velocidade do automóvel, tomei a direita e contemplei, maravilhado, a luminosidade gigante que se erguia na linha do horizonte. Era meio assim como se noite parisse a beleza, num cinematográfico parto de sonhos. Era como se toda a beleza do mundo estivesse para emergir de sob as águas.
            Não resisti a esse cenário de beleza e luz, estacionei o carro ali pertinho da entrada da Avenida Jatiúca. A essa altura a lua já se fazia ver em sua totalidade sobre a escuridão que cobria a linha do horizonte. Os seus raios traçavam um caminho de sonhos em espirais, de uma luz delicada sobre a superfície marinha, que convidava à reflexão, à eterna euforia de viver, aos segredos da existência. Um caminho um tanto navegante, que se punha à deriva, flutuante, levemente flutuante, a instigar uma vontade muito grande de autoconhecimento na busca do gozo pleno, da autorealização. E uma brisa mansinha e fria, com cheiro de maresia e gosto de eternidade me arrepiava a pele, enquanto as primeiras estrelas traquinas pontilhavam o universo num bailado pulsante, como a quererem dizer que viver sempre vale a pena.
            Embriagado de luz, beleza e eternidade, eu que nunca vira Brasil afora, um azul igual ao  do mar de Maceió, sai dali, renovado, feliz e pleno, embevecido com o anoitecer mais lindo do mundo, que se refletira naquela espiral de luz e eternidade , traçado por entre ondas em direção à lua, sobre o mar da Jatiúca. Ali estava a presença de Deus.