Benvindo (a)!

Benvindo ou benvinda, amigo ou amiga,
Ao pedacinho de minh'alma que se reflete neste canto,
Fique à vontade, leia, comente,por favor, depois me diga
Sobre as paixões e desamores, seus dissabores e encantos;
Deixe que um verso meu se esgueire pelas dobras de seu sonhar,
e sedutor, se faça lua, se faça estrela, se faça espuma,
e se refleita qual a lua, nua, reflete no mar
suas paixões que calam n´alma e em luz, devastam as brumas.
Por favor sonhe, desnude o íntimo desejo de ser feliz,
conte estrelinhas, teça quimeras, aspire a maresia,
em cada verso, reflita seu verso- eu sou somente um aprendiz-
em cada rima, se veja eternidade, amante da poesia.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Procura-se

Procura-se
                (Em homenagem a Charles Chaplin, inspirada em seu trabalho)
                Raimundo Palmeira

Procura-se alguém que curta a amizade profunda dos verdadeiros amigos, nos momentos de alegria e de tristeza, e sabendo-se ser humano, saiba contemplar,perdoar e compartilhar os defeitos e limitações do outro, e até projetar nestes, os próprios.
Eu preciso de alguém que me curta antes de me cultuar, e goste de mim, antes de admirar-me, que tenha paciência para ouvir minhas besteiras e simplicidade de saber que curtirei suas besteiras; que consiga sentar ao meu lado por muito tempo pelo simples prazer de estar comigo e que consiga achar prazer no simples fato de saber que sua companhia me dá prazer; que saiba perceber que por detrás da máscara de defesas implacáveis, existe um ser humano que não aprendeu a envelhecer ainda, e que frágil, teme e foge da velhice, e que saiba aceitar as recaídas da alma jovem sob o corpo envelhecido, em busca desesperada de algumas idéias adolescentes, e compartilhe um pouquinho de juventude, trocando sonhos ou simplesmente jogando conversa fora.
Eu preciso de alguém que saiba dar valor ao fato de ser importante para mim, e que se saiba fazer presente sempre que possa, a achar alegria em estar ao meu lado, ainda que seja para ver um simples por de sol, ou tomar um chopp numa aventura levemente irresponsável; que não tema sujar a roupa ao sentar na areia simplesmente para ver o mar e não se envergonhe jamais de ter amizade com alguém envelhecido, em pleno verão antes da queda; alguém que curta a chegada da primavera e aceite meu casaco emprestado no frio do inverno, que me chame as vezes para um simples sorvete no calor do verão; ou que aceite com prazer, de vez em  quando, o convite  para admirar as folhas secas do outono, enquanto saboreamos um bom vinho ao som de um música triste. Alguém que consiga perceber em cada pequeno presente que lhe dê, não uma despesa que me gere  incômodos, mas o pedacinho de alma que coloquei na lembrança, e que saiba me trazer uma simples pétala seca que o seja, para simbolizar que eventualmente lembrou de mim. Alguém que reconheça em minha admiração a minha forma meio tola de dizer :”eu amo a tua amizade!” e que ,vez por outra, saiba que é bom afagar o ego de quem se quer bem, elogiando  uma pequena das raras virtudes que eu tenha.
Preciso de alguém que não se canse da minha confiança de dividir consigo alguns problemas e todas as minhas alegrias, mas que não me furte do prazer de participar de sua vida; alguém que chore meu pranto e ria meu riso, mas que me permita também chorar consigo e compartilhar consigo seus motivos de alegria.
Preciso de alguém para compartilhar sonhos tolos, loucos ou impossíveis e que saiba que o simples prazer da amizade profunda alenta a vontade de viver.
Se essa pessoa existir além de minhas fantasias, e  você a encontrar por aí, diga, por favor, que há um amigo aqui, à espera de sua amizade.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

José Alencar: o Exemplo de Natal,ou a beleza da vitória constante da vida sobre a morte.

Não admiro os seres humanos pelo cargo que ocupam ou pela parcela de poder que detêm. Admiro-os pela força que demonstram na luta do bem contra o mau, na constante batalha da vida contra a morte, no jeito de ser simples e  autêntico, independente do que possuam. Durante os últimos anos, passei a dispensar uma admiração incondicional a um nome da política brasileira; logo eu que aprendi a ter medo dos políticos; logo eu que aprendi a enojar-me com o riso falso, as imagens editadas de caras bonitinhas, a facilidade de desprezar velhos amigos e apoiadores, a depender de seus interesses pessoais. À custa de muito prejuízo pessoal, funcional e profissional aprendi a desconfiar da amizade fácil de políticos que, enquanto precisam de você, são os mais prestativos, e passadas as eleições, apóiam muitas vezes projetos em que não acreditam de adversários na busca de soma de apoios e os compromissos pessoais ficam no passado. Participei de campanhas políticas, fui candidato algumas vezes, e ganhei em troca desprazeres e danos econômicos e pessoais, desgaste, inclusive profissional, pois não aprendi jamais a ser hipócrita, a cobrar favores, que fiz por caridade, ou a condicionar a ajuda humanitária que nunca deixei de prestar à futilidade de um voto, que deve ser demonstração de consciência e nunca moeda de pagamento a uma ajuda. Jamais logrei vitória política ou reconhecimento pela luta aguerrida com que me empenhei em cada campanha da qual participei. Logo eu, que sequer votei na Dilma (optando por  seguir a simpatia pessoal que José Serra me despertara pela sua simplicidade ao encontrá-lo certa feita num vôo Brasília-São Paulo,apesar de, passado o pleito, torcer para que ela seja não só a primeira mulher a governar o Brasil, mas a Mulher que resolverá os problemas brasileiros ), elegi como herói e alvo de minha admiração, um político brasileiro: o vice-presidente José Alencar.
                Homem de posses, mas que nunca perdeu do rosto aquele jeitinho angelical meio paterno, um homem de bem, acima de tudo, competente, eficiente e confiável. Tenho acompanhado sua luta heróica contra uma patologia implacável, mostrando-se nosso bom vice-presidente da República, um homem de aço, corajoso e que faz do seu amor e sua vontade de viver a arma de uma guerra sagrada da vida contra a morte. No dia de Natal, quase fui às lágrimas- não vou  mentir, rolaram-me uma lágrima de cada olho – ao ler a notícia de que, em seu leito de recuperação, nosso grande Estadista surpreendera os médicos, ao mostrar controlada mais uma das hemorragia de que padecia, após dizer, na véspera, a Sua Excelência, o Presidente da República, que iria à posse de Dilma na presidência do Brasil  e tomaria, ainda, um golinho. Mas foi além, e afirmou que ainda dançaria uma xaxado. Que força maravilhosa desse homem magnânimo,sabedor de que nascemos para ser felizes, que tem a coragem de olhar nos olhos da morte e dizer, firme e majestoso: ainda não! Ainda tenho coisas para fazer! E espantar a sombria presença que nos acompanha desde o  berço de nascimento e por toda a existência; e espantá-la com a docilidade de seus olhos serenos, com a fé de quem acredita na vida e nas pessoas, com a bondade de suas feições, que por certo, foi responsável por muitas das coisas boas do Governo Lula, ali, caladinho, na discreta função de Vice, sem pompas e nem publicidade, na simplicidade de um ou outro conselho a guiar nosso país pelos rumos da vitória, da vitória da felicidade sobre o sofrimento.
                Eu sei que vou vê-lo, José Alencar, dançar um xaxado sim, pois o xaxado simboliza a alegria da dança da vida rumo à plenitude, pois a plenitude virá com a perfeição, no ritmo alegre, nos passos cadenciados, na força da sola dos pés sobre o chão de onde brota a semente de esperança. Que lição, José Alencar! Uma lição de natal; um presente de natal; uma lição de fé, esperança e coragem, na simplicidade de seus traços fisionômicos de homem bom e simples, uma lição de coragem,  que nos faz querer voltar a acreditar em Papai Noel e pedir-lhe que traga em seu saco de presentes, entre as bugigangas, brinquedinhos e bonecas, o sopro de um anjo, para lhe presentear a saúde novamente porque você ainda tem tanto de bom para presentear o Brasil, por detrás de seu riso bondoso. Obrigado Vice-Presidente, por sua lição, uma lição natalina de vitória da vida sobre a morte.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Anoitecer em Jatiúca

Tribuna  Anoitecer na Jatiúca.
                        Raimundo Palmeira




            Um dia desses, perdidos na imensidão de novembro próximo passado, ao sair de meu escritório, à tardinha, eu seguia pela orla da Pajuçara. Ia apressado, pois os compromissos profissionais o exigiam. Cansado, estressado pela correria e carga enorme de problemas acumulados no escritório, como o é em todo escritório jurídico, onde a tragédia humana é desfiada na história de vida de cada cliente, mormente na área criminal, na qual o fantasma da privação ou restrição da liberdade física espreita em cada dobra do processo, me aborrecia com o fluxo de veículos que crescia progressivamente, à medida em que as dezoito horas se aproximavam. A gravata apertava o pescoço; os prazos, angústias de réus, a audiências, peças processuais,  tudo sufocava, apertando o peito, em ansiedade. O celular a tocar incansavelmente, o opressor paletó, a camisa a se encharcar pelo suor decorrente do calor de quase verão tropical, o ar condicionado do carro quebrado, a cabeça a ponto de explodir e aquela vontade reprimida no peito de largar tudo e gritar: QUERO VIVER! LIBERDADE!Sentar no bar, pedir um chopp e sem camisa, deixar estar para ver o que vai acontecer.
            Após a Pajuçara,  pude perceber que alguma coisa fascinante ocorria em alto mar. O oceano se vestia de cores suaves que contrastavam com a escuridão da noite que caía . Reduzi a velocidade do automóvel, tomei a direita e contemplei, maravilhado, a luminosidade gigante que se erguia na linha do horizonte. Era meio assim como se noite parisse a beleza, num cinematográfico parto de sonhos. Era como se toda a beleza do mundo estivesse para emergir de sob as águas.
            Não resisti a esse cenário de beleza e luz, estacionei o carro ali pertinho da entrada da Avenida Jatiúca. A essa altura a lua já se fazia ver em sua totalidade sobre a escuridão que cobria a linha do horizonte. Os seus raios traçavam um caminho de sonhos em espirais, de uma luz delicada sobre a superfície marinha, que convidava à reflexão, à eterna euforia de viver, aos segredos da existência. Um caminho um tanto navegante, que se punha à deriva, flutuante, levemente flutuante, a instigar uma vontade muito grande de autoconhecimento na busca do gozo pleno, da autorealização. E uma brisa mansinha e fria, com cheiro de maresia e gosto de eternidade me arrepiava a pele, enquanto as primeiras estrelas traquinas pontilhavam o universo num bailado pulsante, como a quererem dizer que viver sempre vale a pena.
            Embriagado de luz, beleza e eternidade, eu que nunca vira Brasil afora, um azul igual ao  do mar de Maceió, sai dali, renovado, feliz e pleno, embevecido com o anoitecer mais lindo do mundo, que se refletira naquela espiral de luz e eternidade , traçado por entre ondas em direção à lua, sobre o mar da Jatiúca. Ali estava a presença de Deus.
           

domingo, 19 de setembro de 2010

BOM DIA!!!! Hoje é domingo. Dia de ser feliz!!!!!

HOJE É DOMINGO
              By Raimundo Palmeira

O sol te espera, lá fora, iluminando todas as flores do jardim;
Um colibri, em permuta de vida, suga o néctar da flor, e  lhe faz amor,
Polinizando, assegurando a sua multiplicação, fazendo assim
Qual quem corteja a eterna amada, sugando essência, dando calor.
Todas as cores do mundo explodem em raios que deslizam sobre o mar;
A areia branquinha, escaldante, em renda eterna imaculada, se faz teu leito;
E estás triste porque perdeste uma ilusão? Outra virá!
Outra virá, maior e mais iluminada, e a ela abrirás o peito!
Mais tarde, quando o sol, cansado de beleza e luminosidade,
Vergar-se sobre seu cálido leito de oceano, em sono merecido-
Haverás de embriagar-se de brilho e eternidade;
Não temerás os anos, grato por ter vivido-
E seus ultimos raios avermelharem poeticamente o oceano,
Será a hora de aguardar a deusa, que, iluminando há de vir, tão nua,
trazendo à carne o fogo do vulcão, um querer quase insano
De amor e de paixão. Será a hora de aguardar a lua.
E ela virá, seguida por estrelas, a derramarem a felicidade;
A despertarem, feiticeiras, todas as ilusões,
Incendiando  corações, inspirando saudades,
Dexiando na alma uma necessidade de paixão.
Daí, busques postar-se ante o espelho,
E constatar o que te há de belo,
Enxugues as lágrimas desses olhos vermelhos;
Vem colorir esse riso amarelo.
Destranques a alma para a vida que  vem vindo,
Entre todas as quimeras, nos amores que se mais quis;
Porque hoje é domingo e faz um dia lindo;
Porque hoje é dia de ser feliz.

sábado, 18 de setembro de 2010

Despertando

                      By Raimundo Palmeira           
                                   às situações imaginárias que o  poeta vivencia

Hoje eu descobri o quanto era enganoso sonhar a destempo.
Quão ilusório tecer quimeras e querer colher estrelas em teu olhar;
Pois as quimeras se despedaçam, em contratempos
E em teu olhar faz dia, não pode refletir lua ou estrelas, e não tem mar.
Fitei teus olhos e eles tinham a mesma luz, mas não o encantamento
Que me postou um dia, qual imbecil poeta, como que enfeitiçado,
a construir sonhos impossíveis, a venerá-la, quase em sacramento.
Hoje eu percebi que teu olhar é lindo, mas não é encantado.
E me fez muito bem revê-la menina, não mais mulher;
Hoje distante amiga, não mais a companheira que a gente quer
Reter ao nosso lado, em confidências e brincadeiras inabaláveis.
E o mais admirável é  que, mesmo criança, impuseste o afastamento,
Iluminando a realidade e me mostrando teu eterno esquecimento.
Sou noite, o teu olhar é dia, não reflete minha lua, mas teu sol inolvidável.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ESTADO DE JÚRI

                             By Raimundo Palmeira


Por - Raimundo Palmeira



Ah! A ansiedade das madrugadas solitárias.
Olhos vermelhos sobre olheiras impostas pelos serões.
Os textos repassam, qual fossem cantilenas varias,
Articulados, depoimentos, quilométricas petições .
As horas de leitura descomprometida são furtadas,
O prazer do nada fazer é arrancado em supetão ,
Argumentos e contra-argumentos são revistos pelas madrugadas,
A vida mergulhada numa imensa solidão .
Quanta doutrina vista e revista incansavelmente,
Num doce desespero de salvar a inocência.
O corpo cansado insone, mas não fatiga a mente,
Disseca-se o processo, em busca de sua essência .
Mesmo a experiência ditando a realidade,
Aconselhando a calma de situações sabidas,
Treme-se ao saber ter nas mãos a liberdade
De quem lhe confiara o futuro, a próprio vida.
O fôlego trona-se mais curto, pouco a pouco,
O estomago se nega ao alimento necessário,
Um leve tremular de mãos, o medo de ficar rouco,
Os dedos que dedilham um rosário imaginário.
É o estado de júri , nosso velho conhecido,
Que acomete em julgamento, veteranos e principiantes,
Que se espelha na tensão dos momentos não dormidos
Em que garimpamos provas, como fossem diamantes.
Mesmo assim, nos resta tempo para amar,
Para delirar em paixões, no fogo que nos afeta,
Porque nós, advogados, somos predestinados a sonhar,
Porque cada advogado encerra em si um poeta.